Quando se ouve o nome Bozo, todos nos lembramos do famoso palhaço, porém, muito antes de o badalado Tony Stark tirar onda de cientista espacial, exista outro elétrico, atômico e genial Homem de Ferro: Bozo, ou melhor, Hugh Hazzard.
Entretanto, este agora esquecido personagem nem ao menos era uma criação original da DC Comics (na época National Periodical Publications). Ok, mas como ele fez parte, mesmo que ridiculamente do Multiverso DC? Calma, logo explico...
Se engana quem pensa que o homem por trás do robô, Hugh Hazzard, era um grande gênio científico. Hugh era apenas um playboy aventureiro que possuía contatos com o departamento de polícia. Era um cara que, tecnicamente, se enquadrava no quadro de um rapaz comum. Comum até encontrar Bozo. Bozo era um robô de ferro criado originalmente pelo criminoso Dr. Von Thorp, que, se aproveitando da aparência infantil de sua criação, o enviou para aterrorizar a cidade e logo depois conquistar o mundo. Hugh acabou se vendo envolvido nesse caso quando o Comissário Hunt, que o tinha como um homem confiável para resolver certos problemas e serviços, acionou sua ajuda. Após investigações e tentativas de controlar a máquina, Hugh conseguiu desativar temporariamente o robô e dentro do seu peito oco pegou uma carona até a base do robô, dando uma pequena surpresa a Van ao chegar em seu laboratório (Nota: Thorp foi preso e mais tarde morto depois de algumas edições, após tentar recontrolar sua criação).
Desativado novamente, o robô é colocado em uma barcaça de lixo para ser descartado no mar, mas Hugh mostra ter ideias diferentes e deseja usar o robô como uma ferramenta de combate ao crime. Ele salva o robô de seu destino e em seguida o nomeia de Bozo. Usando o dispositivo de controle de rádio original de Von, Hugh faz de Bozo uma ferramenta de combate ao crime. Vale lembrar que Bozo também podia ser usado como uma armadura, sendo controlado de dentro do seu corpo e após algumas modificações, se tornou capaz de até de voar. Após as suas primeiras aparições, Hugh Hazzard e Bozo passaram a encontrar criminosos que cometem crimes com engenhocas científicas, e esses criminosos tendem a tornar-se vítimas de suas próprias armas, fórmula que se tornou rotineira em suas histórias.
Criado por George Brenner, famoso editor da Quality Comics e também responsável pelo The Clock, o primeiro herói mascarado nas histórias em quadrinhos, Bozo teve sua primeira aparição em Smash Comics #1 (agosto de 1939), publicada pela Quality Comics. George, usando o nome de "Wayne Reid", se tornou responsável por quase toda mitologia do personagem. Além de criá-lo, escreveu e desenhou a maioria de suas aventuras por ele. O robô foi o terceiro herói criado por George para Quality. Bozo até mesmo precedeu o primeiro super-herói da editora, Pequeno Polegar, em vários meses. Apesar da excitação original em torno de suas aventuras, o personagem acabou se tornando esquecível.
Curiosamente, em suas primeira aparições o personagem e suas aventuras era chamadas de Hugh Hazzard & His Iron Man e ele era tão popular que bimelsamente a capa de Smash era ele. Por fim, a partir da edição 26 ‘His Iron Man’ foi substituído por ‘Bozo The Robot’. Outra curiosidade, falando de sua primeira aparição em Smash Comics #1, Bozo foi logo capa e destaque e isso fez com que o Overstreet's Comic Book Price Guide alegasse que ele é o primeiro robô a aparecer na capa de uma revista em quadrinhos.
É legal mencionar que um robô dourado chamado Elektro foi feita pela Westinghouse Electric Corporation, e apresentado na Feira Mundial de Nova York de 1939. Ele tinha sete metros de altura, e realizou uma série de feitos (mas, infelizmente, não podia abrigar um ser humano dentro de seu corpo). Elektro se assemelhava bastante a Bozo, embora a ‘expressão facial’ de Bozo parece um pouco mais amigável. Brenner fez referências a Feira Mundial em uma de suas histórias do The Clock.
Em essência, Bozo foi um precursor do Homem de Ferro da Marvel. Isso não quer dizer que o Homem de Ferro é uma cópia do Bozo - na verdade, é bastante provável que Latinha da Marvel é mais bem-sucedido porque foi uma criação totalmente independente, porque apesar de ter tirado parte de seu nome e conceito de Bozo, Hugh e Bozo eram tão obscuros como a maioria dos super-heróis de quadrinhos da Quality, tanto que eles desapareceram em Smash Comics # 42 (Abril de 1943), onde foi substituído por histórias reimpressas de Lady Luck.
Em 1956, os personagens da Quality foram vendidos para a DC Comics. Os Falcões Negros continuaram a ser publicados sem interrupção, mas a maioria de seus outros personagens sumiram por um breve período. Enquanto a maioria dos super-heróis clássicos da Quality voltaram a aparecer na Terra 2 e na Terra X do Multiverso DC na forma dos Combatentes da Liberdade e outros aventureiros mascarados da Era de Ouro, Hugh Hazzard e Bozo sumiram.
A dupla se vê sem nenhum uso formal propriamente dito desde 1943. James Robinson, que escreveu Starman na década de 1990, fez referências enigmáticas para vários personagens de Quality. Em Starman # 64, podemos ter um vislumbre do Bozo no Universo DC. Na trama é mostrado que durante a década de 1970, o corpo de Bozo tinha encontrado o seu caminho nas mãos de um colecionador japonês que se especializou em mobiliaria heróica. Bozo aparece entre itens históricos da DC, como o uniforme do Vigilante, um avião dos Falcões Negros e outros. Entretanto, é importante realçar que o destino de Hugh Hazzard permaneceu inexplorado. Hugh não tinha família conhecida, mas uma namorada não identificado fez um par de pequenas aparições.
Em uma entrevista para o Newsrama em 2007, Justin Gray revelou que o conceito de seu personagem, Gonzo, o Bastardo Mecânico (vilão de uma minissérie dos Combatentes da Libedade Pós-Crise Infinita), surgiu de uma proposta de Grant Morrison de atualização na mitologia de Bozo, entretanto, Gonzo se tornou durante seu processo de criação em algo muito diferente: um andróide psicótico que pode personificar um líder mundial. Esta criatura ficou estreitamente vinculada com os eventos de Crise final, tendo relações com a Anti-Vida e outros conceitos da saga.
James Robinson, amante da Era de Ouro, fez com que o personagem tivesse outras aparições em suas mãos: Enquanto escrevia Superman. Na edição #692 da revista do Homem de Aço, Bozo aparece ao lado de robôs e outras ‘aberrações’ esquecidas da DC no Projeto M, parte do Departamento 7734 chefiado por Sam Lane, como Mekanique, Homem Robô original (Robert Crane, primo de Dick Grayson da Terra 2), Robô Recruta, os Renegados originais e outros.
Por fim, o próprio Robinson deu a Bozo um inglório fim. Enquanto escrevia Liga da Justiça, mais precisamente em Justice League Of America #60, a equipe, na época um remendo de Titãs e heróis estranhos e rejeitados, enfrentou vários robôs controlados por Construto. Cyborg acaba destruindo Bozo, o partindo no meio. Na ocasião, Gonzo, o Bastardo Mecânico, que também estava presente, foi descrito como ‘filho’ de Bozo.
Devido ao fato da DC nunca ter usado o personagem de maneira apropriada e com a existência de um Homem de Ferro bem mais famoso em sua rival, e o nome Bozo sendo de marca registrada de um famoso palhaço (obrigado pela lembrança Quiof Thrul e Rennan) fizeram com que Bozo não se tornasse um personagem obscuro e sim um exclusivamente obscuro, renegado e recusado.
No Brasil, algumas histórias de Bozo chegaram a sair nas clássicas revistas Gibi, Gibi Mensal - O Globo e Álbum Juvenil - Série B - Gibizada. Confira a relação AQUI
Em breve no Terra Zero
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