Há 75 anos, em fevereiro de 1935, era lançada nos Estados Unidos a revista, New Fun: The Big Comic Magazine 1, pela National Allied Publications, criada pelo major Malcolm Wheeler-Nicholson. Isto deu origem a mais famosa e poderosa editora de quadrinhso do mundo, a DC Comics. A editora criou um conceito inédito de aventuras fantásticas, mais brilhante, mais idealista e, principalmente, muito mais poderoso — em vários sentidos. Nascia a era dos quadrinhos estadunidenses e, com ela, o conceito de super-heróis. Casa de heróis como Superman, Batman, SJA e outros, a editora comemorou 75 anos nesse ano e agora, com um pouco de atraso (eu sei, rsrsrs), inicio o especial DC 75 Anos. Começando agora:
A DC Comics nem sempre se chamou assim. Criada pelo major Malcolm Wheeler-Nicholson, um ex-militar que se aventurou no mundo editorial. Em 1934, com o lançamento de Famous Funnies, uma publicação de tamanho gigante que reimprimia tiras de jornais, o major, no intuito de pegar carona com o sucesso da publicação, decidiu criar a empresa National Allied Publications, a precursora da DC Comics. A primeira publicação da National foi a revista New Fun, que tinha formato tablóide (cerca de 25,5 cm X 38) e 36 página, que chegou nas bancas em fevereiro de 1935. Ao contrario das outras editoras que publicavam reimpressões de trás, Wheeler-Nicholson lançou uma revista que trazia apenas material inédito e foi a primeira publicação do ramo a trazer anúncios.
A revista, New Fun, publicava histórias de humor e aventura, como Pelion e Ossa, Jigger e Ginger, Jack Woods e Barry O’Neill. No sexto número houve o debut de Jerry Siegel e Joe Shuster, os futuros criadores do Superman, que iniciaram sua carreira com o mosqueteiro "Henri Duval" e sob pseudônimo de "Leger e Reuths", as aventuras do combatente sobrenatural do crime Dr. Oculto, considerado por muitos o primeiro super-herói da editora.
A publicação não era um material extraordinário e tampouco lembrava os gibis de super heróis, mas mesmo assim, o número 1 vendeu o suficiente para a National lançar novos quadrinhos como New Comics, em dezembro de 1935, que saiu em um tamanho mais próximo ao dos atuais quadrinhos. A partir do número 12 (janeiro de 1937), New Comics mudou o nome para New Adventure Comics e na edição 32, de novembro de 38, para Adventure Comics.
Em 1936, a editora do major anunciou para dezembro seu terceiro título: Detective Comics. Porém, o adiamento do lançamento do número de estréia de Detective para 1937 dava sinais que algo não ia bem para a editora de Malcolm. Encontrar um lugar no mercado era difícil. Proprietários de bancas de jornais eram relutantes em estocar material com conteúdo desconhecido do público por uma editora desconhecida. As devoluções eram altas e problemas econômicos causavam grandes atrasos entre lançamentos de novas edições. O ex-militar sofria uma grande crise financeira, tanto na vida profissional como na pessoal. A crise era tão grave que certa vez, um artista de editora chegou a dar 10 dólares para a mulher de Nicholson para que ela pudesse pagar o leiteiro, que iria cancelar a entrega de leite para os filhos pequenos do major.
Para quitar um débito com Harry Donenfeld – um publicador de pulps e um dos donos da distribuidora Independent News- Nicholson foi obrigado a aceitá-lo como sócio, apenas desta maneira poderia publicar Detective Comics #1. Com isso, foi formada a Detective Comics, Inc. registrada pelos proprietários Nicholson e Jacob “Jack” S. Liebowitz, o contador “laranja” de Donenfeld, que não estava com a documentação em ordem para assumir a empresa. Praticamente, a National, a Independent e a Detective eram a mesma editora.
Em março de 1937, Detective Comics #1 chegou nas bancas com a estréia do vilão Fu Manchu, criação de Sax Rohmer.
Existem duas versões para a saída de Malcolm da editora. Uma relata que problemas financeiros e a Grande Depressão forçaram Nicholson a vender sua parte do negócio pra Donenfeld e Liebowitz em 1937. Porém, a outra versão, como relatado pelo pesquisador Gerard Jones no livro Homens do Amanhã, afirma que no começo de 1938, Donenfeld mandou o major e sua esposa num cruzeiro pra Cuba para conseguir inspiração para novas idéias. Quando voltou Nicholson encontrou seu escritório fechado. A explicação para tal foi que durante sua ausência, Donenfeld processou-o por inadimplência e com a ajuda de seu amigo juiz, Abe Mennen, conseguiu rapidamente a venda dos ativos da National para a Independent. Com uma forma de silenciar e desejar sorte ao major, Harry vendeu ao ex-sócio uma porcentagem da revista More Fun Comics, novo nome da New Fun.
A National acabou e agora se chamava apenas Detective Comics e era propriedade de Liebowitz e Donenfeld. Em 1938, Jack Liebowitz fundou a All-American Publications junto a Maxwell Charles “Charlie” Gaines. A All-American era uma empresa-irmã da Detective, já que as duas partilhavam o mesmo logotipo e os mesmos materiais.
Então, Jerry Siegel e Joe Shuster,que já trabalhavam na National, viram a história de seu Superman, que havia sido recusada meses antes por outras editoras, virar realidade. Os criadores de Superman, Siegel e Shuster, fizeram algumas alterações em Superman, que havia aparecido em Science Fiction # 3, fanzine de Jerry Siegel (Na ocasião, o personagem era careca, telepata e mau), e o apresentaram de novo. No entanto, a HQ acabou na imensa pilha de matérias a serem analisados de um escritório de distribuição de tiras de jornais. Resgatada e apresentada ao editor Vincent “Vin” Sullivan, que comprou da dupla por uma módica quantia. Harry Donenfeld tratou de lançar na primeira edição de seu novo título, Action Comics #1 de junho de 1938, o herói Superman. Action Comics #1 foi um sucesso imediato e Superman, o primeiro dos super-heróis, deu o pontapé inicial no período conhecido como Era de Ouro.
Com o sucesso de Superman, alguns meses depois, os editores da Detective encomendaram a Bob Kane, pseudônimo de Robert Khan, um novo herói. Ao lado do escritor Bill Finger, criou o herói mascarado e sem poderes, Batman. Inicialmente, o plano de Bob era lançar Bird-Man, mas seguindo conselhos de Bill, Bird foi transformado em Batman. Estreando na edição 27 de Detective Comics, com data de maio de 1939, Batman tornou-se um estrondoso sucesso. Curiosamente, Kane apresentou a idéia do herói aos editores e acabou levando todos os créditos da criação do personagem.
A Era de Ouro dos quadrinhos havia começado. Superman, já um grande sucesso, ganhou um programa de rádio e um desenho produzido pelos estúdios de Max Fleischer na década de 1940. O sucesso no rádio e no cinema fez a circulação do herói nos quadrinhos e tiras de jornais aumentar no mundo inteiro. Na mesma década ainda surgiu Superboy e um seriado para cinema, onde o último filho de Krypton era protagonizado por Kirk Alyn.
Enquanto isso, Batman ganhava um parceiro, Robin, em Detective Comics #38 de abril de 1940. Batman logo depois ganhou uma respeitada galeria de vilões, entre eles o mais famoso foi Coringa, criado na primeira edição da revista Batman, de 1940. E mais uma revista foi publicada, World’s Finest Comics, que trazia diversos heróis da DC, mas os principais eram Superman e Batman. Curiosamente os dois só se uniriam em 1954.
A editora All-American, coligada da Detective, lançou em janeiro de 1940, Flash Comics, que apresentou heróis como o primeiro Flash, Joel Ciclone no Brasil, Gavião Negro, Johnny Trovoada, Mulher-Gavião, Canário Negro, etc. Já na Adventure Comics surgiu Homem-Hora e Starman. Enquanto em More Fun Comics estreavam Espectro, Aquaman, Sr Destino e Arqueiro Verde. Por fim, na revista All American Comics surgiram Lanterna Verde I, Átomo e Doutor Meia-Noite.
Com a intenção de promover seus diversos heróis, a editora encarregou Gardner Fox de criar uma equipe que pudesse reuni-los. Assim, em All Star Comics #3,uma edição com mais páginas que as outras publicações, publicada no inverno de 1940, surgiu a Sociedade da Justiça da América, a primeira equipe de super-heróis dos quadrinhos.
A equipe tinha como membros: Joel Ciclone, Gavião Negro, Lanterna Verde, Homem-Hora, Sandman, Átomo, Espectro, Johnny Trovoada como mascote e com o tempo, se juntariam Mulher Maravilha, Dr Meia-Noite e Starman.
A “novata” Mulher Maravilha foi criada por William Moulton Marston, psicólogo e criador do detector de mentiras, na edição 8 de All Star Comics de dezembro de 1941.
Com a Segunda Guerra Mundial estourando, os heróis da DC Comics, entraram na guerra lutando contra as forças do eixo.
Apesar do grande sucesso da All American, Gaines e Liebowitz discordavam freqüentemente sobre os rumos da editora e como Gaines achava que com o fim da Segunda Guerra Mundial os heróis sairiam de moda, ele quis diversificar seus títulos, acabou jogando desistindo da editora e vendeu sua parte para seu sócio. A All-American acabou sendo anexada a Detective. A união dessas duas empresas formaram o que é atualmente a poderosa base da DC Comics.
Algumas fontes consultadas: Mundo dos Super-Heróis #23 - Dossiê DC Comics 75 Anos (Editora Europa); Coleção DC 75 Anos: A Era de Ouro (Editora Panini)
O início de tudo, a Era de Ouro
A DC Comics nem sempre se chamou assim. Criada pelo major Malcolm Wheeler-Nicholson, um ex-militar que se aventurou no mundo editorial. Em 1934, com o lançamento de Famous Funnies, uma publicação de tamanho gigante que reimprimia tiras de jornais, o major, no intuito de pegar carona com o sucesso da publicação, decidiu criar a empresa National Allied Publications, a precursora da DC Comics. A primeira publicação da National foi a revista New Fun, que tinha formato tablóide (cerca de 25,5 cm X 38) e 36 página, que chegou nas bancas em fevereiro de 1935. Ao contrario das outras editoras que publicavam reimpressões de trás, Wheeler-Nicholson lançou uma revista que trazia apenas material inédito e foi a primeira publicação do ramo a trazer anúncios.
A revista, New Fun, publicava histórias de humor e aventura, como Pelion e Ossa, Jigger e Ginger, Jack Woods e Barry O’Neill. No sexto número houve o debut de Jerry Siegel e Joe Shuster, os futuros criadores do Superman, que iniciaram sua carreira com o mosqueteiro "Henri Duval" e sob pseudônimo de "Leger e Reuths", as aventuras do combatente sobrenatural do crime Dr. Oculto, considerado por muitos o primeiro super-herói da editora.
A publicação não era um material extraordinário e tampouco lembrava os gibis de super heróis, mas mesmo assim, o número 1 vendeu o suficiente para a National lançar novos quadrinhos como New Comics, em dezembro de 1935, que saiu em um tamanho mais próximo ao dos atuais quadrinhos. A partir do número 12 (janeiro de 1937), New Comics mudou o nome para New Adventure Comics e na edição 32, de novembro de 38, para Adventure Comics.
Em 1936, a editora do major anunciou para dezembro seu terceiro título: Detective Comics. Porém, o adiamento do lançamento do número de estréia de Detective para 1937 dava sinais que algo não ia bem para a editora de Malcolm. Encontrar um lugar no mercado era difícil. Proprietários de bancas de jornais eram relutantes em estocar material com conteúdo desconhecido do público por uma editora desconhecida. As devoluções eram altas e problemas econômicos causavam grandes atrasos entre lançamentos de novas edições. O ex-militar sofria uma grande crise financeira, tanto na vida profissional como na pessoal. A crise era tão grave que certa vez, um artista de editora chegou a dar 10 dólares para a mulher de Nicholson para que ela pudesse pagar o leiteiro, que iria cancelar a entrega de leite para os filhos pequenos do major.
Para quitar um débito com Harry Donenfeld – um publicador de pulps e um dos donos da distribuidora Independent News- Nicholson foi obrigado a aceitá-lo como sócio, apenas desta maneira poderia publicar Detective Comics #1. Com isso, foi formada a Detective Comics, Inc. registrada pelos proprietários Nicholson e Jacob “Jack” S. Liebowitz, o contador “laranja” de Donenfeld, que não estava com a documentação em ordem para assumir a empresa. Praticamente, a National, a Independent e a Detective eram a mesma editora.
Em março de 1937, Detective Comics #1 chegou nas bancas com a estréia do vilão Fu Manchu, criação de Sax Rohmer.
Existem duas versões para a saída de Malcolm da editora. Uma relata que problemas financeiros e a Grande Depressão forçaram Nicholson a vender sua parte do negócio pra Donenfeld e Liebowitz em 1937. Porém, a outra versão, como relatado pelo pesquisador Gerard Jones no livro Homens do Amanhã, afirma que no começo de 1938, Donenfeld mandou o major e sua esposa num cruzeiro pra Cuba para conseguir inspiração para novas idéias. Quando voltou Nicholson encontrou seu escritório fechado. A explicação para tal foi que durante sua ausência, Donenfeld processou-o por inadimplência e com a ajuda de seu amigo juiz, Abe Mennen, conseguiu rapidamente a venda dos ativos da National para a Independent. Com uma forma de silenciar e desejar sorte ao major, Harry vendeu ao ex-sócio uma porcentagem da revista More Fun Comics, novo nome da New Fun.
A National acabou e agora se chamava apenas Detective Comics e era propriedade de Liebowitz e Donenfeld. Em 1938, Jack Liebowitz fundou a All-American Publications junto a Maxwell Charles “Charlie” Gaines. A All-American era uma empresa-irmã da Detective, já que as duas partilhavam o mesmo logotipo e os mesmos materiais.
Então, Jerry Siegel e Joe Shuster,que já trabalhavam na National, viram a história de seu Superman, que havia sido recusada meses antes por outras editoras, virar realidade. Os criadores de Superman, Siegel e Shuster, fizeram algumas alterações em Superman, que havia aparecido em Science Fiction # 3, fanzine de Jerry Siegel (Na ocasião, o personagem era careca, telepata e mau), e o apresentaram de novo. No entanto, a HQ acabou na imensa pilha de matérias a serem analisados de um escritório de distribuição de tiras de jornais. Resgatada e apresentada ao editor Vincent “Vin” Sullivan, que comprou da dupla por uma módica quantia. Harry Donenfeld tratou de lançar na primeira edição de seu novo título, Action Comics #1 de junho de 1938, o herói Superman. Action Comics #1 foi um sucesso imediato e Superman, o primeiro dos super-heróis, deu o pontapé inicial no período conhecido como Era de Ouro.
Com o sucesso de Superman, alguns meses depois, os editores da Detective encomendaram a Bob Kane, pseudônimo de Robert Khan, um novo herói. Ao lado do escritor Bill Finger, criou o herói mascarado e sem poderes, Batman. Inicialmente, o plano de Bob era lançar Bird-Man, mas seguindo conselhos de Bill, Bird foi transformado em Batman. Estreando na edição 27 de Detective Comics, com data de maio de 1939, Batman tornou-se um estrondoso sucesso. Curiosamente, Kane apresentou a idéia do herói aos editores e acabou levando todos os créditos da criação do personagem.
A Era de Ouro dos quadrinhos havia começado. Superman, já um grande sucesso, ganhou um programa de rádio e um desenho produzido pelos estúdios de Max Fleischer na década de 1940. O sucesso no rádio e no cinema fez a circulação do herói nos quadrinhos e tiras de jornais aumentar no mundo inteiro. Na mesma década ainda surgiu Superboy e um seriado para cinema, onde o último filho de Krypton era protagonizado por Kirk Alyn.
Enquanto isso, Batman ganhava um parceiro, Robin, em Detective Comics #38 de abril de 1940. Batman logo depois ganhou uma respeitada galeria de vilões, entre eles o mais famoso foi Coringa, criado na primeira edição da revista Batman, de 1940. E mais uma revista foi publicada, World’s Finest Comics, que trazia diversos heróis da DC, mas os principais eram Superman e Batman. Curiosamente os dois só se uniriam em 1954.
A editora All-American, coligada da Detective, lançou em janeiro de 1940, Flash Comics, que apresentou heróis como o primeiro Flash, Joel Ciclone no Brasil, Gavião Negro, Johnny Trovoada, Mulher-Gavião, Canário Negro, etc. Já na Adventure Comics surgiu Homem-Hora e Starman. Enquanto em More Fun Comics estreavam Espectro, Aquaman, Sr Destino e Arqueiro Verde. Por fim, na revista All American Comics surgiram Lanterna Verde I, Átomo e Doutor Meia-Noite.
Com a intenção de promover seus diversos heróis, a editora encarregou Gardner Fox de criar uma equipe que pudesse reuni-los. Assim, em All Star Comics #3,uma edição com mais páginas que as outras publicações, publicada no inverno de 1940, surgiu a Sociedade da Justiça da América, a primeira equipe de super-heróis dos quadrinhos.
A equipe tinha como membros: Joel Ciclone, Gavião Negro, Lanterna Verde, Homem-Hora, Sandman, Átomo, Espectro, Johnny Trovoada como mascote e com o tempo, se juntariam Mulher Maravilha, Dr Meia-Noite e Starman.
A “novata” Mulher Maravilha foi criada por William Moulton Marston, psicólogo e criador do detector de mentiras, na edição 8 de All Star Comics de dezembro de 1941.
Com a Segunda Guerra Mundial estourando, os heróis da DC Comics, entraram na guerra lutando contra as forças do eixo.
Apesar do grande sucesso da All American, Gaines e Liebowitz discordavam freqüentemente sobre os rumos da editora e como Gaines achava que com o fim da Segunda Guerra Mundial os heróis sairiam de moda, ele quis diversificar seus títulos, acabou jogando desistindo da editora e vendeu sua parte para seu sócio. A All-American acabou sendo anexada a Detective. A união dessas duas empresas formaram o que é atualmente a poderosa base da DC Comics.
Algumas fontes consultadas: Mundo dos Super-Heróis #23 - Dossiê DC Comics 75 Anos (Editora Europa); Coleção DC 75 Anos: A Era de Ouro (Editora Panini)
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