Continuando o Especial DC 75 Anos com a parte I da Era Moderna. A DC estava comemorando 50 anos em 1985, mas a cronologia do multiverso do seus personagens estava uma confusão. Fazendo sucesso com os Novos Titãs, Marv Wolfman e George Pérez foram encarregados de botar ordem na casa. Batizada de Crise nas Infinitas Terras em homenagem às Crises anuais da SJA e LJA, a saga eliminou o Multiverso e redifiniu toda a cronologia da DC, possibilitando que grandes artistas recomeçacem do zero a origem dos principais personagens e do próprio universo, o que atraiu novos leitores e deixou os mais experientes felizes. Foi com essa saga que terminava a Era de Bronze e se iniciava a Era Moderna, que continua até hoje. Devido ao grande conteúdo este capítulo foi dividido em dois. Confira a primeira parte:
A Era Moderna Part I: Botando ordem na casa e tragédias
Crise nas Infinitas Terras
O ano era 1985. A DC Comics comemorava 50 anos e a cronologia de seu universo fictício era uma bagunça, literalmente. A confusão começou com o surgimento do Multiverso na Era de Prata, com a história Flash de dois mundos de 1961. Nela foi explicada que a Terra 2 era lar dos heróis da Era de Ouro. Após alguns encontros entre SJA e LJA mais Terras foram estabelecidas. Para cada editora adquirida, uma nova Terra surgia para seus personagens; para cada personagem criado que não se encaixava com os demais, uma nova Terra era criada para ele. A confusão era tão grande que muitos leitores desistiam da DC, enquanto alguns mandam muitas cartas para a editora pedindo para que se resolvesse a confusão. Aproveitando os 50 anos da editora, Marv Wolfman, que após receber uma carta de um fã decidiu botar ordem na casa, e George Pérez ficaram encarregados de criar uma saga que unificasse todo o multiverso em um único universo, coeso e moderno.
Na trama, o vilão Antimonitor, nascido no universo de antimatéria de Qward, decidiu destruir todo o multiverso, usando uma onde de anti-matéria que destruía universos. A contraparte positiva do vilão, o Monitor, convocou diversos heróis e vilões para combater o vilão. Depois de reviravoltas como a morte do Monitor, o sacrifício de Flash (Barry Allen), a morte de Supergirl, a ida das Terras 1,2,4, S e X para o Limbo, todos os heróis e vilões entraram na épica batalha contra o Antimonitor. Por fim, Superman da Terra 2 desferiu o golpe definitivo contra o gigantesco vilão.
Ao final da saga, restou apenas uma Terra. Alguns personagens foram incorporados e outros foram apagados da cronologia. Após a saga, a dupla criativa lançou A História do Universo DC, que contava como ficou a cronologia do Universo DC após a Crise. A partir deste momento uma nova era surgiu na DC, a Era Pós-Crise e uma para as HQs, a Moderna.
Reformulação Total
Após a Crise, a DC Comics decidiu reformular a maioria de seus personagens. Muitos ganharam novas origens e uma nova cronologia começada do zero. Vale destacar que a DC encarregou famosos artistas para a “faxina”:
Superman: John Byrne ficou encarregado de recontar a origem do maior herói de todos os tempos na mini-série Man of Steel (1986). Byrne estabeleceu que Kal-El era o único sobrevivente de Krypton, não havia mais a “última menina de Krypton”, “o último macaco, cachorro de Krypton”, etc. Além disso, existia apenas uma única Kryptonita, a verde, nada mais de variações. Talvez a mudança mais significante foi a eliminação de Superboy da cronologia já que Byrne estabeleceu que Clark apenas começou sua carreira como herói durante a idade adulta. Enquanto aos coadjuvantes, Lois se tornou mais independente e Lex passou de um cientista louco para um empresário inescrupuloso.
Batman: Encarregado da reformulação do Cavaleiro das Trevas, Frank Miller elaborou Batman: Ano Um (1987) que reconta de forma mais sombria a origem do Homem Morcego.
Mulher Maravilha: George Pérez foi o encarregado de escrever e desenhar a nova origem da Maravilhosa. Sua nova origem era muito mais ligada a mitologia grega e determinou que ela só entrou para o ramo super-heróico durante Lendas.
Lanterna Verde: Em 1989/90, uma nova origem foi contada para o gladiador esmeralda. A nova origem conta quem fez com que Abin Sur caísse na Terra.
Flash: O único herói que ressurgiu com uma nova identidade. O novo Flash era Wally West, que substituía seu tio, Barry, morto na Crise.
Homem-Animal: O herói obteve um inesperado sucesso quando o escritor inglês Grant Morrison o assumiu durante quase dois anos, numa revista mensal do herói em que o personagem foi modernizado, abordando temas como a extinção dos animais, o terrorismo ecológico e o uso desumano de cobaias em laboratórios. No epílogo dessa série, Grant Morrison e seu personagem ficam frente a frente. Essa foi apenas a surpresa final preparada pelo artista inglês, que já havia feito por exemplo o Homem-Animal encontrar nada menos do que uma versão séria e moribunda do Coiote (aquele da série de desenho animado do Papa-Léguas). Aventura publicada no Brasil como "O evangelho do coiote". Além disso, Homem Animal descobriu que era um personagem de HQs e visitou o Limbo de personagens esquecidos.
SJA: Foi estabelecido que a equipe atuou nos anos 40 e pouco depois da Crise adentraram o Limbo (outro) onde batalhavam eternamente o Ragnarok.
LJA: Foi estabelecido que Superman, Mulher Maravilha e Batman não formaram a equipe. Canário Negro substitui a amazona na nova cronologia. Esses eventos foram mostrados em LJA Ano Um.
Personagens da Terra 2 como Batman, Robin, Caçadora, Superman e outros foram apagados.
Grandes Sagas
Lendas e Odisséia Cósmica foram as sagas posteriores a Crise. As duas fizeram grande sucesso e mostraram o Quarto Mundo de Jack Kirby em papeis importantíssimos.
Lendas fazia uma clara alusão ao Comics Code pois mostrava reverendo Godfrey jogando o governo e a população contra os heróis, que ainda tentavam acertar suas vidas após a Crise.Tudo não passava de um grande plano de Darkseid.
Como conseqüência de Lendas, surgiu a mais memorável fase da LJA, a cômica, de Keith Giffen e J.M DeMatteis. Essa nova LJA mostrava situações bizarras e logo depois se tornou a Liga da Justiça Internacional. A equipe contava com uma formação inusitada: Guy Gardner, Batman, Sr Destino, Capitão Marvel, Canário Negro, etc. Mais tarde surgiram G’Nort, Gelo, Fogo, Soviete Supremo, etc.
Milênio foi um lançamento ousado da DC Comics. Publicada como uma mini-série semanal em quadrinhos de 8 partes em 1988, teve vários crossovers com as revistas DC. Escrita por Steve Englehart, com arte de Joe Staton e Ian Gibson, a saga mostra Herupa Hando Hu, um Guardião do Universo, e Nadia Safir, uma Zamoriana chegando à Terra e convocam diversos heróis para tomarem conhecimento de que dez humanos serão escolhidos para se tornarem os primeiros no seguinte passo evolucionário, os Novos Guardiões. Para destruir os planos dos alienígenas, ressurgem os Caçadores Cósmicos, andróides construídos pelos próprios Guardiões e que se infiltraram na Terra, muitos deles próximos aos heróis: havia agentes dos Caçadores humanos e andróides, voluntários e também mentalmente controlados. A saga deu origem aos Novos Guardiões, porém, os novos heróis não fizeram o sucesso esperado assim como a saga.
Em 1988/1989 foi lançada a saga Invasão! que mostrava nove raças alienígenas se unindo contra a Terra. A saga, publicada como um mini de três edições e vários crossovers, mostrou uma guerra da humanidade contra os alienígenas. A trama escrita Bill Mantlo e desenhada por Todd McFarlane, Bart Sears, e Giffen foi um sucesso. A historia, com pitadas de ficção cientifica e lembrando o esforço dos heróis e da população durante as duas guerras mundiais, mostrou os aliens atacando pontos importantes do mundo como Cuba, Austrália, Rússia e até a Ilha Paraíso. Durante a guerra, ainda foi lançada uma bomba genética que afetou os personagens. A saga definiu que os heróis da DC eram Meta-Humanos. Curiosamente, foi lançado uma edição especial do Planeta Diário em formato de um jornal que mostrava em detalhes a Invasão.
Ainda nos anos 80, Superman e Batman comemoraram 50 anos. O morcego ganhou um filme, Batman, de 1989, porém, o após a Crise, foi estabelecido que o Robin da época, Jason Todd, era um “trombadinha” de rua, que foi pego por Batman ao tentar roubas as calotas do Batmóvel.Este novo Jason matava.
O público não aprovou, então os editores da DC Comics resolveram fazer um votação com os leitores, para ver se eles queriam ou não a morte de Jason.E o resultado foi a dolorosa morte de Robin nas mãos de Coringa.
Uma página que mostrava que Robin sobrevivia até foi feita, mas há boatos que uma pessoa programou seu computador para votar a favor da morte de Jason sucessivamente todo 90 segundos por oito horas seguidas.
Batman ficou sem um Robin por um bom tempo, resultado: Bruce entrou em depressão se culpando pela morte de Jason e se via cada vez mais afastado de um amadurecido Dick. Porém, um novo Robin, Tim Drake, surgiu e se tornou um grande sucesso.
Enquanto isso, Superman comemorou seu aniversário com reportagens na TV e na revista Times, até um estátua foi erguida em uma cidade americana.
Anos 90
Os anos 90 chegaram e foram bem obscuros para os heróis DC. Em 1992, após serem impedidos de publicar o casamento de Clark e Lois devido ao seriado “As novas aventuras de Lois e Clark”, os membros da equipe criativa de Superman na época decidiram matar o Homem de Aço. Para realizar tal missão, foi criado Apocalypse, uma máquina, um monstro, de matar. A Morte de Superman iniciou-se em Man of Steel #18 e terminou em Superman #75, com Superman morto no colo de sua amada. A morte do herói chocou o mundo real e várias reportagens foram feitas sobre o assunto. Felizmente, o herói retornou após o surgimento de quatro substitutos: Aço, Superboy, Erradicador e Superciborgue. O último foi o grande vilão da trama e responsável pela destruição de Coast City, cidade do Lanterna Hal Jordan. Se quiser saber mais sobre a morte do Homem de Aço clique AQUI.
Alguns meses depois da morte de Superman, Batman encontrou seu momento trágico. Com o início de A Queda do Morcego em Batman #492, saga que se estendeu por meses e diversos títulos, Bane libertou todos os criminosos do Arkham contra Batman, que deteriorado finalmente confronta Bane na Batcaverna e tem sua coluna quebrada. O novato Azrael assume o manto de Batman com a ajuda de Tim Drake, o Robin da época. Porém, o novo Batman, munido de alta tecnologia e armas, era violenta e matava criminosos. Felizmente, Bruce voltou a andar e logo reassumiu o manto do Homem Morcego.
Logo depois foi a vez de Hal Jordan, que chocado com a destruição de Coast City enlouqueceu, mais tarde foi estabelecido que ele foi possuído por Parallax, e matou Guardiões e Lanternas e absorveu toda a energia da Bateria Central e se tornou Parallax. Com isso, Ganthet, último guardião, escolher Kyle Rayner como o último Lanterna Verde.
Enquanto isso, a Mulher Maravilha perdia seu título para Ártemis. Sem poderes, Diana passou a usar roupa de couro, mas felizmente reassumiu seu uniforme em Wonder Woman #100.
Porém, não acaba por aí, Superman viu Metrópolis ser destruída e os heróis passaram por mais uma crise, a Zero Hora, publicada em 1994. A mini mostrava Parallax tentando reconstruir o universo de seu modo e acaba alterando a origem de diversos heróis como Gavião Negro e Capitão Marvel, pois no fim, os heróis acabam tendo que reconstruir o universo. Durante a saga, a SJA, que havia retornado foi massacrada.
Fim da Parte I. Continua na Parte II de Especial DC 75 Anos: A Era Moderna
Algumas fontes consultadas: Mundo dos Super-Heróis #23-Dossiê DC Comics 75 Anos (Editora Europa); Liga da Justiça & Vingadores Edição Limitada Definitiva (Editora Panini); Multiverso DC; Torre Titã; DC Comics Database.
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